Situado na região do Baixo São Francisco, o município de Brejo Grande carrega em sua origem uma das histórias mais marcantes do litoral sergipano. Terra de restingas, lagoas e apicuns, o local foi moldado não apenas por transformações geográficas, mas por episódios que remontam à colonização portuguesa, à luta política e à preservação cultural.
A ocupação inicial do território remonta ao século XVI, quando índios da etnia Tupinambá habitavam a Ilha de Paraúna, localizada à margem sul do Rio São Francisco. Em 1590, a Coroa Portuguesa doou a ilha a Antônio Cristóvão de Barros. À época, a região fazia parte da então Província de Pernambuco.
Com o tempo, a ocupação da ilha se intensificou. No início do século XIX, o comerciante português José Alves Tojal foi o responsável por uma intervenção geográfica decisiva: aterrou parte do canal que separava a Ilha de Paraúna do continente, integrando-a à margem sergipana e facilitando o povoamento.
Já em 1824, famílias oriundas de Alagoas, Pernambuco e Ceará começaram a se fixar na região. A instalação do povoado contou com apoio do Barão Bento de Melo, figura importante no processo de fundação e organização territorial.
Dois anos depois, em 1826, Brejo Grande protagonizou um dos primeiros episódios republicanos do Brasil: influenciados por ideais liberais vindos de Pernambuco, moradores locais organizaram um movimento em defesa da república. Apesar da repressão das autoridades imperiais, o episódio marcou a cidade como um centro de pensamento político à frente de seu tempo.
A elevação de Brejo Grande à categoria de município ocorreu apenas em 2 de outubro de 1926, quando foi desmembrado do território de Vila Nova (atual Neópolis). Na ocasião, passou a se chamar São Francisco, em alusão ao rio que margeia a cidade.
Em 1943, o município teve o nome alterado para Parapitinga, em conformidade com a política nacional de valorização de nomes de origem indígena. No entanto, em 1954, resgatando sua identidade histórica, o nome Brejo Grande foi oficialmente restabelecido.
Identidade geográfica e importância cultural
Localizado em uma área de formações arenosas, Brejo Grande é marcado por paisagens de dunas, áreas alagadiças e vegetação de restinga, compondo um dos ecossistemas mais sensíveis do litoral brasileiro. A proximidade com a foz do Rio São Francisco e o acesso ao Oceano Atlântico conferem à cidade papel estratégico tanto no turismo ecológico quanto na pesca artesanal.
Ao longo dos séculos, Brejo Grande construiu uma trajetória única, mesclando ancestralidade indígena, colonização portuguesa e transformações políticas. Hoje, o município preserva não apenas sua história, mas também tradições e modos de vida que resistem ao tempo.
Com uma população acolhedora e raízes profundas na história nordestina, Brejo Grande é símbolo de resistência, tradição e desenvolvimento no extremo leste de Sergipe.