Do outro lado do Rio São Francisco, separados por menos de 10 minutos de travessia de balsa, estão Penedo (AL) e Brejo Grande (SE), duas cidades nordestinas unidas não apenas pela geografia, mas também pela cultura, economia e história compartilhadas.
Com pouco mais de 60 mil habitantes, Penedo é uma das cidades mais antigas de Alagoas, conhecida por seu centro histórico preservado, igrejas barrocas e casarões coloniais que atraem turistas de todo o Brasil. Já Brejo Grande, com cerca de 9 mil moradores, é o último município do estado de Sergipe antes da foz do “Velho Chico” no Oceano Atlântico.
A proximidade entre as duas cidades — cerca de 12 km por via terrestre ou apenas 2,5 km em linha reta por água — favorece uma integração natural. Diariamente, moradores de ambos os lados cruzam o rio em balsas ou pequenas embarcações para trabalhar, estudar, visitar familiares ou fazer compras.
Integração regional e mobilidade
Apesar de estarem em estados diferentes, a convivência entre os municípios é intensa. O comércio penedense, mais estruturado, abastece grande parte dos moradores de Brejo Grande. Por outro lado, o turismo ecológico sergipano — como os passeios de barco pelos manguezais e pela foz do São Francisco — atrai visitantes hospedados em Penedo.
“Tem gente daqui que trabalha em Brejo Grande, e tem gente de lá que estuda aqui. A balsa faz esse elo todos os dias. É uma rotina”, conta Maria do Socorro, comerciante do centro de Penedo.
Desenvolvimento e desafios conjuntos
A região também compartilha desafios. A travessia do rio ainda depende, em grande parte, de embarcações privadas ou balsas que operam com horários limitados, dificultando a mobilidade em horários de pico ou em dias de manutenção.
Há anos, a proposta de construção de uma ponte ligando os dois municípios é discutida por lideranças locais, mas o projeto ainda não saiu do papel. A obra poderia impulsionar ainda mais o desenvolvimento turístico e comercial da região, além de facilitar o acesso a serviços de saúde e educação.
Turismo de base comunitária e preservação ambiental
A foz do Rio São Francisco é uma das principais atrações da região, com dunas, mangues e paisagens de tirar o fôlego. Empresas de turismo, cooperativas e guias locais promovem passeios que saem de Brejo Grande e Penedo, promovendo o turismo de base comunitária e contribuindo para a geração de renda local.
“É uma riqueza natural que a gente precisa preservar. Tanto Alagoas quanto Sergipe dependem desse rio”, afirma o guia turístico José Carlos, que atua na região há mais de 15 anos.
Cidades irmãs pelo São Francisco
Penedo e Brejo Grande são exemplos de como a geografia pode aproximar comunidades e criar laços além das fronteiras políticas. Unidas pelo São Francisco, elas compartilham uma identidade ribeirinha que transcende os limites estaduais e mostra a força da integração regional no Nordeste.