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Rússia será ameaça mesmo após a guerra, diz Defesa da Suécia

A avaliação é do secretário de Estado do Ministério da Defesa da Suécia, Peter Sandwall

Rússia será ameaça mesmo após a guerra, diz Defesa da Suécia

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Mesmo que Rússia e Ucrânia cessem fogo e venham a alcançar um acordo de paz, o Kremlin permanecerá como uma ameaça à Europa, o que justifica os aumentos dos gastos militares que vêm sendo anunciados por diversos países do continente.

A avaliação é do secretário de Estado do Ministério da Defesa da Suécia, Peter Sandwall, cujo posto é o segundo na hierarquia do setor no país escandinavo. No ano passado, os suecos tornaram-se os mais novos membros da Otan, a aliança militar ocidental, rompendo uma neutralidade de 200 anos.

Em conversa com a reportagem na Laad, feira militar realizada na última semana semana no Rio, Sandwall defendeu a decisão, mesmo com a incerteza acerca do comprometimento dos Estados Unidos sob Donald Trump com a Otan.

“Estamos ouvindo atentamente o que o novo governo está dizendo. Mas também observamos suas ações e acho importante afirmar que, até agora, os EUA não voltaram atrás em relação à Otan. Seguem comprometidos”, disse.

Sobre a polêmica decisão sueca, ele foi enfático. “Foi uma decisão necessária e correta, e esta continua sendo a opinião pública na Suécia. O país está mais seguro na Otan, e a Otan está mais forte com a Suécia e a Finlândia”, disse, lembrando do vizinho, que também rompeu uma neutralidade de décadas ao entrar no clube em 2023.

Ele cita o protagonismo da dupla na operação Sentinela Báltico, que visa coibir sabotagens em cabos submarinos nas águas da região, que a Otan atribuía aos russos e chineses. Desde que ela começou, no início do ano, não houve mais incidentes.

“Estamos trazendo capacidades e uma indústria de defesa que são muito apreciadas pelos nossos aliados”, disse. A Suécia sedia a Saab, fabricante do caça Gripen, operado pelo Brasil, e de submarinos, mísseis e diversos outros produtos de alta tecnologia militar.

Confrontado com o fato de que uma eventual paz na Ucrânia pode amainar o atual ímpeto por gasto com defesa no continente, Sandwall afirma que Vladimir Putin seguirá sendo visto como um perigo.

“É preciso garantir que quaisquer iniciativas de paz, de cessar-fogo, ocorram com a Ucrânia numa posição de força. Isso é crucial para a Europa como um todo. A Rússia conduz atividades híbridas em muitos países europeus enquanto estamos aqui conversando”, afirmou.

“Temos de olhar além de um cessar-fogo. Acreditamos que a Rússia esteja se posicionando para permanecer como uma ameaça à ordem de segurança na Europa”, diz, defendendo então um aumento sustentável do gasto militar.

Na semana passada, Estocolmo colocou como meta passar dos 2,14% do PIB investidos no setor em 2024 para 3,5% em 2030, um plano ambicioso e que desafia a capacidade produtiva das indústrias europeias. A chave, diz Sandwall, é a vontade política em Bruxelas.

Ele citou a iniciativa da União Europeia que visa disponibilizar, na forma de empréstimos e isenções fiscais, até R$ 5 trilhões nos próximos cinco anos para o setor de defesa. A Alemanha, por exemplo, tomou uma decisão histórica e mudou sua versão local do teto de gastos, flexibilizando os gastos militares.

Para Sandwall, o ritmo ainda é insuficiente. “Há um grave desequilíbrio entre oferta e demanda na indústria de defesa em geral, particularmente na Europa. Há uma enorme lacuna entre o que solicitado e o que está sendo produzido”, diz.

“A maioria das empresas está trabalhando em três ou quatro turnos, mas está claro que, a longo prazo, muito mais é necessário. Os países precisam fazer aquisições coordenadas, mais encomendas, tornando possível que elas tomem decisões de investimento”, afirmou.

Para tanto, a Europa precisa “construir sua defesa de forma diferente do que temos feito desde a Segunda Guerra”, ou seja, depender da indústria e do poderio americanos.

Sandwall defende o chamado elo transatlântico, mas diz que é preciso que os europeus consigam se defender sozinhos. Um sinal prático da mudança é a tendência de países do continente de revisar encomendas, por exemplo, de caças americanos.

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Redação

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