Cultura e Crenças Populares

São Cipriano: Santo, Feiticeiro e o Fascínio Pelo Lado Negro da Fé

Durante séculos, o nome de São Cipriano despertou tanto devoção quanto medo. Venerado por alguns como santo, temido por outros como feiticeiro, sua figura atravessa o tempo envolta em mistério, sincretismo e controvérsia. Mas afinal, quem foi São Cipriano? E por que seu nome está associado à bruxaria e às práticas ocultas?

Entre a fé e o feitiço

Cipriano nasceu por volta do século III, em Antioquia (atualmente na Turquia), e era um poderoso mago pagão antes de se converter ao cristianismo. De acordo com lendas populares, ele dominava profundamente a arte da feitiçaria, invocando demônios, espíritos e forças ocultas. Sua vida, segundo relatos antigos, foi marcada por experiências intensas com o ocultismo até se render à fé cristã, tornando-se bispo e, posteriormente, mártir.

No entanto, apesar de sua conversão, a fama de “feiticeiro” nunca o abandonou. O livro “O Livro de São Cipriano – O Capa Preta” é um dos maiores responsáveis por alimentar esse lado sombrio. Apócrifo e envolto em mistério, o livro é tido como um compêndio de feitiços, invocações e pactos com o além — algo que contrasta diretamente com os valores da Igreja que o canonizou.

O “Livro Negro”

Foto Criada por IA.

“O Livro de São Cipriano” é considerado por muitos como uma obra de magia negra. Nele, encontram-se instruções para pactos com o diabo, feitiços para atrair riquezas, amores e até vingança. Embora estudiosos apontem que Cipriano nunca tenha escrito a obra, o livro é amplamente disseminado em círculos esotéricos e praticantes de ocultismo, especialmente na América Latina e em Portugal.

Esse lado negro alimentou uma verdadeira dualidade: o homem que passou de feiticeiro a santo é também visto como um intermediário entre o mundo dos vivos e o dos mortos.

Sincretismo e cultos populares

No Brasil, São Cipriano é figura frequente em práticas sincréticas, sendo associado a entidades como Exu em algumas vertentes da Umbanda e Quimbanda. Muitos o evocam em rituais de proteção e abertura de caminhos — uma ironia para quem começou sua jornada invocando o mal e terminou canonizado como mártir da fé cristã.

Entre o mito e a devoção

São Cipriano é uma figura que desafia classificações. Para alguns, ele é um exemplo de redenção. Para outros, um guardião de segredos perigosos. Entre o sagrado e o profano, sua história continua a intrigar fiéis, ocultistas e estudiosos, mantendo vivo o fascínio pelo oculto.

Talvez, no fim das contas, São Cipriano represente aquilo que há de mais humano em todos nós: a eterna batalha entre luz e sombra.

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Redação

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